O Sr. “Damas” em fisionomia da década de cinquenta - Cartão de Atleta do G. D. Mit
- A propósito de efeméride correspondente
Têm faltado ultimamente, entre nós, justas homenagens a quem merece, como que a dar continuidade a anteriores iniciativas que, em anos ainda frescos dum próximo passado, levaram a que fossem recordados, por exemplo, os fundadores da Casa do Povo da Longra, os criadores e primeiros funcionários do Correio da Longra, o autor da pioneira travessia aérea de Portugal à índia, etc. – entre realizações de tradição na própria Associação Casa do Povo da Longra.
Ao invés, por meio das instituições de representatividade da terra, Junta de Freguesia e Casa do Povo, recentemente têm sido mais lembrados, em homenagens, pessoas de fora e que, na prática, não têm nada a ver com a local realidade…
Pois, deve ser dado, sim, valor ao mérito.
Porque nos últimos anos também desapareceram alguns dos antigos e poucos valores humanos que ainda restavam, como António Dâmaso, autarca carismático de antigamente e desportista apaixonado; Joaquim Pinto, autor da sirene da Metalúrgica da Longra e galardoado com o Prémio da Associação Industrial Portuense (em 1959); mais Luís de Sousa Gonçalves, fundador da IMO; será já tempo de não deixar que também mais se esvaiam memórias sobre quem teve importância na nossa terra.
Para que não continue a haver memória curta, assim, aproveita-se a passagem do terceiro aniversário da morte de um destes exemplos, António Dâmaso, para tomar o todo pela parte e se fazer justiça:
Com lugar especial na memória colectiva da região, faleceu em 2005 um bom Felgueirense-Longrino: António da Silva Dâmaso.
Persona Grata da Longra, António Dâmaso deixou o número dos vivos aos 77 anos, na noite de 6 de Maio de 2005, vítima de doença prolongada do foro cardíaco, como homem de paixões que, discreta mas intensamente, vivia os valores identificativos que lhe mexiam os sentidos.
Tratando-se de um dos Homens Bons de que rezará a História local, o “senhor Damas”, como era mais conhecido, nutria aquela qualidade simpática de ser pessoa muito estimada e respeitada de todos, sendo um bairrista íntimo que muito queria a seu rincão. Facto bem patente no incentivo e apreço que sabia incutir e demonstrar a quem tivesse o mesmo denominador comum, como tantas vezes tivemos oportunidade de sentir em conversas amenas, de memórias às mãos cheias.
António da Silva Dâmaso nasceu a 12 de Julho de 1934 (data correcta, como convém justificar, já que, por gralha de impressão, não está correctamente o ano, por troca de um 5 em vez do 3, na data de nascimento que ficou impressa no livro Memorial Histórico de Rande e Alfozes de Felgueiras, que publicamos em 1997).
Natural da antiga povoação da Longra, António Dâmaso era oriundo de uma família tradicional da freguesia de Rande, onde foi personagem sempre muito interessado pelos assuntos da terra-mãe. Na sua juventude fora um dos melhores expoentes da equipa de basquetebol da Longra, de que já era entusiasta em pequeno como acompanhante assíduo e depois foi como praticante de eleição, passando entusiasmado com a bola ao cesto do Sport Club da Longra e sucessora equipa da Casa do Povo pelos anos quarenta e cinquenta, do séc. XX.
Mais tarde tornou-se figura carismática do Grupo Desportivo da Metalúrgica da Longra/MIT, nas décadas de cinquenta e sessenta, a cuja formação participante nos campeonatos corporativos de basquetebol dedicou muito do seu tempo, tendo sido à posteriori o responsável máximo pela sua manutenção e longevidade, enquanto foi possível. Também teve muito apreço o seu desempenho a secretário da Junta de Freguesia de Rande, função que ocupou de 1959 a 1975. Além de ainda haver sido um funcionário fiel da MIT/Metalúrgica da Longra, como quadro válido do escritório dessa histórica firma, de onde apenas saiu por aposentação, após a mesma empresa ter entrado em decadência.
António Dâmaso, mais recentemente, fez parte da genuína Comissão para a Toponímia de Rande, que desenvolveu o estudo inicial e mais sério para a denominação justa de nomes às ruas e outras vias de comunicação da freguesia, tendo ainda chegado a conhecer a ditosa notícia da elevação da Longra a vila, mas na inversa também tomou conhecimento da injustiça que veio a ser praticada na anulação daquele dito estudo toponímico, substituído que foi esse anterior trabalho por um posterior arranjo a nível municipal, de muito mau gosto e lamentável intenção, aliás até contra o que fora aprovado em Assembleia de Freguesia – derivado à criação de uma comissão oficial camarária e decisões resultantes com beneplácito de outras pessoas envolvidas na aceitação, a abanar a cabeça...
Homem íntegro, muito sincero e apaixonado pelo que lhe despertava atenções, porém pouco expansivo e algo discreto, o “sr. Damas” acabou por partir com esse desgosto consigo.
Será contudo ainda tempo, seja quando for possível, pela parte de quem teve e tem responsabilidades na matéria, de haver reconsideração oficial dos atropelos cometidos, de repor e fazer justiça; de, ao menos, se começar quantos antes a fazer a reabilitação ao que em devido tempo fora atribuído, atendendo aos valores históricos, enquanto não há lugar à colocação das respectivas placas... Aproveitando-se, então, para o homenagear também, vista a realidade do seu desaparecimento, com a atribuição de seu nome a uma das ruas da Vila da Longra, dentro da área de Rande, pois ele sim merece.
Ao invés, por meio das instituições de representatividade da terra, Junta de Freguesia e Casa do Povo, recentemente têm sido mais lembrados, em homenagens, pessoas de fora e que, na prática, não têm nada a ver com a local realidade…
Pois, deve ser dado, sim, valor ao mérito.
Porque nos últimos anos também desapareceram alguns dos antigos e poucos valores humanos que ainda restavam, como António Dâmaso, autarca carismático de antigamente e desportista apaixonado; Joaquim Pinto, autor da sirene da Metalúrgica da Longra e galardoado com o Prémio da Associação Industrial Portuense (em 1959); mais Luís de Sousa Gonçalves, fundador da IMO; será já tempo de não deixar que também mais se esvaiam memórias sobre quem teve importância na nossa terra.
Para que não continue a haver memória curta, assim, aproveita-se a passagem do terceiro aniversário da morte de um destes exemplos, António Dâmaso, para tomar o todo pela parte e se fazer justiça:
Com lugar especial na memória colectiva da região, faleceu em 2005 um bom Felgueirense-Longrino: António da Silva Dâmaso.
Persona Grata da Longra, António Dâmaso deixou o número dos vivos aos 77 anos, na noite de 6 de Maio de 2005, vítima de doença prolongada do foro cardíaco, como homem de paixões que, discreta mas intensamente, vivia os valores identificativos que lhe mexiam os sentidos.
Tratando-se de um dos Homens Bons de que rezará a História local, o “senhor Damas”, como era mais conhecido, nutria aquela qualidade simpática de ser pessoa muito estimada e respeitada de todos, sendo um bairrista íntimo que muito queria a seu rincão. Facto bem patente no incentivo e apreço que sabia incutir e demonstrar a quem tivesse o mesmo denominador comum, como tantas vezes tivemos oportunidade de sentir em conversas amenas, de memórias às mãos cheias.
António da Silva Dâmaso nasceu a 12 de Julho de 1934 (data correcta, como convém justificar, já que, por gralha de impressão, não está correctamente o ano, por troca de um 5 em vez do 3, na data de nascimento que ficou impressa no livro Memorial Histórico de Rande e Alfozes de Felgueiras, que publicamos em 1997).
Natural da antiga povoação da Longra, António Dâmaso era oriundo de uma família tradicional da freguesia de Rande, onde foi personagem sempre muito interessado pelos assuntos da terra-mãe. Na sua juventude fora um dos melhores expoentes da equipa de basquetebol da Longra, de que já era entusiasta em pequeno como acompanhante assíduo e depois foi como praticante de eleição, passando entusiasmado com a bola ao cesto do Sport Club da Longra e sucessora equipa da Casa do Povo pelos anos quarenta e cinquenta, do séc. XX.
Mais tarde tornou-se figura carismática do Grupo Desportivo da Metalúrgica da Longra/MIT, nas décadas de cinquenta e sessenta, a cuja formação participante nos campeonatos corporativos de basquetebol dedicou muito do seu tempo, tendo sido à posteriori o responsável máximo pela sua manutenção e longevidade, enquanto foi possível. Também teve muito apreço o seu desempenho a secretário da Junta de Freguesia de Rande, função que ocupou de 1959 a 1975. Além de ainda haver sido um funcionário fiel da MIT/Metalúrgica da Longra, como quadro válido do escritório dessa histórica firma, de onde apenas saiu por aposentação, após a mesma empresa ter entrado em decadência.
António Dâmaso, mais recentemente, fez parte da genuína Comissão para a Toponímia de Rande, que desenvolveu o estudo inicial e mais sério para a denominação justa de nomes às ruas e outras vias de comunicação da freguesia, tendo ainda chegado a conhecer a ditosa notícia da elevação da Longra a vila, mas na inversa também tomou conhecimento da injustiça que veio a ser praticada na anulação daquele dito estudo toponímico, substituído que foi esse anterior trabalho por um posterior arranjo a nível municipal, de muito mau gosto e lamentável intenção, aliás até contra o que fora aprovado em Assembleia de Freguesia – derivado à criação de uma comissão oficial camarária e decisões resultantes com beneplácito de outras pessoas envolvidas na aceitação, a abanar a cabeça...
Homem íntegro, muito sincero e apaixonado pelo que lhe despertava atenções, porém pouco expansivo e algo discreto, o “sr. Damas” acabou por partir com esse desgosto consigo.
Será contudo ainda tempo, seja quando for possível, pela parte de quem teve e tem responsabilidades na matéria, de haver reconsideração oficial dos atropelos cometidos, de repor e fazer justiça; de, ao menos, se começar quantos antes a fazer a reabilitação ao que em devido tempo fora atribuído, atendendo aos valores históricos, enquanto não há lugar à colocação das respectivas placas... Aproveitando-se, então, para o homenagear também, vista a realidade do seu desaparecimento, com a atribuição de seu nome a uma das ruas da Vila da Longra, dentro da área de Rande, pois ele sim merece.
© Armando Pinto
Bib.: trechos de crónica no jornal Semanário de Felgueiras de 13-05-2005 e do livro Memorial Histórico de Rande e Alfozes de Felgueiras, editado em 1997.
2 comentários:
Parabens a este post, que até foi hoje incluído no Sapo Local!
Parabéns a este post, de merecimento, como é que hoje até foi colocado no Sapo pt, serviço Local.
Valor ao mérito...
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