segunda-feira, 16 de junho de 2008

SUSPEITA DE SEQUESTRO ENGANOU FAMÍLIA COM FALSA GRAVIDEZ | UMA JOVEM DE 21 ANOS | SERNANDE | FELGUEIRAS

Foto Correio da Manhã

A jovem detida pelo sequestro de um bebé no hospital de Penafiel simulou durante meses uma gravidez, enganando até o companheiro. Planeou tudo ao milímetro e até arranjou maneira de "ter o bebé" sozinha.

A jovem, de 21 anos, de Sernade, Felgueiras, telefonou ao companheiro, na passada quarta-feira, dizendo que acabara de ter o filho numa unidade de saúde particular no Porto. Alegou que tinha de ser operada a uns quistos e estava impedida de receber quaisquer visitas.

De facto, esteva no apartamento de um amigo, em Felgueiras, até anteontem à tarde, altura em que o companheiro a foi buscar ao centro de saúde daquela cidade. Cerca das 20 horas, quando as televisões "abriam" as notícias com o sequestro, o bebé era apresentado à família da "avó paterna", em Caíde de Rei, Lousada, em ambiente de festa.

Pouco depois, a Polícia Judiciária irrompia pela casa adentro, detendo o casal e pondo fim ao sequestro. O choque foi brutal! Desde o Verão do ano passado que os vizinhos estavam convencidos da gravidez de Simone. Por se tratar de gente humilde, até houve quem oferecesse roupa de criança.

Nem Joaquim, de 25 anos, que vivia maritalmente há um ano com a jovem, suspeitou do que se passava. O casal conheceu-se num café onde trabalhava Simone. Joaquim Márcio enamorou-se pela rapariga e a pedido desta arrendou um apartamento no centro de Felgueiras, onde viveram cerca de meio ano. Em meados de Setembro do ano passado, Joaquim Márcio soube, pela boca da mulher, que ela estava grávida e o casal deixou o apartamento há meio ano, passando a viver em casa dos pais de Simone, em Sernade, Felgueiras. "Disse-me que seria um menino. Fiquei tão contente que não quis que ela trabalhasse mais. Ela ia várias vezes às consultas, ou ao Centro de Saúde de Felgueiras ou ao Hospital de Penafiel", explicou Joaquim Márcio ao JN.

Na passada quarta-feira de manhã, Simone pediu ao companheiro para a levar ao hospital de Penafiel. "Disse-me que o menino ia nascer. Levei-a ao hospital e depois disse-me para me vir embora que não tinha problemas em ficar lá sozinha. E eu fui trabalhar", conta. Poucas horas depois, cerca das 12.30 horas, a mulher telefonou para casa da vizinha, Albertina, a quem chama de "avó Albertina" dando a notícia que nascera o bebé. "Ela disse-me para avisar o namorado e os pais que o bebé nasceu e que estava tudo bem. Tinha cabelinho preto e era tal e qual o pai! Mas explicou que não viria já para casa porque tinha ainda que tirar uns quistos", recorda Laurinda Marques, filha da "avó Albertina", que recebeu a chamada.

Joaquim Márcio aguardou tranquilamente. "Liguei-lhe na quarta-feira e ela disse-me que tinha sido transferida para um quarto particular no Porto, perto do Palácio de Cristal, e que não podia receber visitas. Eu quis ir ver o menino logo na quinta-feira, mas ela insistiu, mais uma vez, que aquele sítio não autorizava visitas", conta. Na sexta-feira, Joaquim Márcio voltou a contactar a companheira e ficou marcado que ela regressaria a casa no sábado à tarde. "Pediu-me para estar no Centro de Saúde Felgueiras no sábado à tarde, porque saía do Porto às 14.30 horas. Disse que tinha papéis a tratar no centro de saúde, e eu fui lá buscá-la. Estava sozinha com o menino no colo". O casal descolou-se do centro de saúde a casa dos pais de Simone.

"Chegaram aqui por volta das 15 horas de sábado. E vi o menino. Só que estavam com alguma pressa porque ele queria mostrar o bebé aos pais dele, em Caíde de Rei", explicou António Ferreira, pai de Simone, muito abalado com o sucedido.

A mãe, Alzira Azevedo, não encontra explicações. "Não tinha necessidade nenhuma de fazer isto", desabafou. Na segunda-feira, antes do sequestro, Alzira acompanhou a filha ao hospital para uma consulta. "A minha filha dizia que ia tirar uns quistos", afirma. "Ela terá de pagar pelo que fez, mas isso custa muito", desabafou a mãe. Apresentado o bebé aos "avós maternos", o casal seguiu para Caíde de Rei e, cerca das 20 horas, os irmãos e outros familiares de Joaquim Márcio reuniram-se em casa da "avó paterna".

Estava a família toda reunida e feliz com o rebento quando chegou a PJ. "Não a quero ver mais. Não merecia isto. Ela enganou toda a gente, até a mim. A minha família tratava-a como filha, não merecia uma coisa destas", desabafa Joaquim Márcio.


1 comentário:

Anónimo disse...

Náo havia necessidade...é lamentável...:(