sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

JOSÉ FERNANDO MOREIRA, EM ENTREVISTA AO SEMANÁRIO DE FELGUEIRAS

"Este é o pior executivo municipal de todos os tempos"

Na freguesia da Pedreira existe um grande descontentamento em relação á postura "autoritária" da Câmara de Felgueiras que apenas "dá uns trocos" ás freguesias. Segundo o Presidente da Junta. José Fernando Moreira, a edilidade para além de não dar apoios financeiros, não dialoga com as Juntas de Freguesias...

Como é que está a decorrer o actual mandato autárquico?
Muito mal por dificuldade de relacionamento com a autarquia. Isto não é por culpa da Junta da Pedreira nem das restantes 31 Juntas de Freguesia mas sim da Câmara Municipal.
Troque lá isso por miúdos…
Falo por nós, Junta de Freguesia da Pedreira, que tínhamos um manifesto eleitoral com as obras prioritárias para a freguesia, como acessibilidades, ampliação do cemitério, extensão da rede de água, iluminação pública, parque de merendas, entre outros, que não foi possível executar na totalidade no primeiro mandato, mas que pensávamos concretizar neste mandato porque temos a mesma forma e garra, mas, com a falta de apoio da Câmara, tal não foi possível até ao momento. Neste segundo mandato temos sentido a falta completa de apoio por parte da Câmara de Felgueiras.
Não houve qualquer apoio para essas obras?
Não e posso mesmo considerar, e penso ser recíproco ao meu executivo, que a Câmara arrecada impostos e taxas aos fregueses e depois não faz a respectiva distribuição pelas freguesia, o que é injusto. Sendo assim, nós, Juntas de Freguesia, não temos qualquer hipótese de fazer investimento.
Pediu alguma obra em especial?
Elaboramos o nosso manifesto, há seis anos, com as obras urgentes, necessárias e prioritárias. Mas, se no primeiro mandato fizemos algumas obras, com o actual executivo tal não tem sido possível. Reivindicamos repetidamente através de ofícios diversas obras mas nem resposta temos. Para responder em concreto à sua questão, a obra mais urgente é a ampliação do cemitério que está a ficar sem espaço.
É uma obra urgente, portanto?
Sim. O cemitério paroquial tem apenas oito espaços disponíveis. Estatisticamente, morrem anualmente dez pessoas, pelo que urge avançar para a concretização desta obra. Temos terreno e projecto, agora falta o apoio financeiro para que seja realidade.
A Câmara tem conhecimento da situação?
Inequivocamente, porque tem sido a nossa principal preocupação nos últimos dois anos.
Mas há mais necessidades?
O alargamento e pavimentação do caminho de Carvalhais à Barra, um caminho centenário, é uma prioridade urgente. Há outros caminhos mas este é dos mais urgentes. Para além de outras obras em áreas diversas como educação e ambiente. Mas só será possível equacionar devidamente a sua resolução com a colaboração da autarquia. Tem de existir abertura.
E a famosa curva do CM 1171 onde existe uma ravina onde se verificam acidentes graves, continua na mesma?
Continua. Já mandámos 15 ofícios a pedir que seja resolvida a situação. A única coisa que foi feita foi a colocação de sinalização vertical. Mas o perigo continua. Se o anterior executivo estivesse na Câmara, aquele problema estaria resolvido. O actual não tem vontade de resolver nada que diga respeito aos problemas das pessoas. Há perrice da Câmara e falta de vontade.
Como está o processo de revisão do PDM no que concerne à Pedreira?
Fizemos um trabalho sério e rigoroso, mas o que vemos passados três anos é que está tudo parado. Não temos conhecimento de nenhum avanço. O que sabemos é que a freguesia é essencialmente agrícola e que não há condições para as pessoas se fixarem cá. Têm de sair da freguesia para construir.
O que espera dos últimos dois anos de mandato?
A esperança é sempre a última coisa a morrer. Mas, pelo andar da carruagem nada se perspectiva de bom para as Juntas de Freguesia. Falta vontade de transferir competência para as Juntas acompanhadas pelo respectivo suporte financeiro. Não se vê vontade política.
Falando do cenário político local. Que soluções define para Felgueiras sair daquilo que muitos dizem ser um marasmo?
A actual situação política de Felgueiras é da exclusiva responsabilidade da presidente da Câmara. De mais ninguém. Se existem problemas foram criados por ela e pela sua ex. família política. Nós somos completamente alheios a esses problemas. Se a presidente não tem tempo para decidir, por causa da defesa do processo, que tente encontrar uma solução. As populações não se compadecem com a falta de investimento e de obras, mas não nos podem ser assacadas responsabilidades. Têm de ser pedidas a quem gere a Câmara Municipal. As Juntas, neste processo, são o elo mais fraco. Organicamente, são eleitas pelo povo, mas depois ficam dependentes das Câmaras Municipais para realizar obras. E se não houver disponibilidade dos executivos camarários em ajudar, não é possível resolver os problemas das populações, meta para a qual as Juntas foram eleita, como é o nosso caso. Acho que as pessoas devem olhar para o trabalho que tem sido feito pelo PSD, pela sua Comissão Política, composta por jovens que não estão à espera de nada, apenas trabalham para que Felgueiras seja um concelho melhor. Devem dar oportunidade a uma nova geração, a uma nova forma de estar na política.
Em 2009 haverá, na sua perspectiva mudanças na Câmara?
Este executivo e a sua presidente não têm projecto. Aliás, o projecto está esgotado. Não serve Felgueiras. Penso que a mudança seria algo de positivo para o concelho. Nós não captámos ninguém. Estamos riscados do mapa.

O executivo da Junta composto por José Fernando Morerira (Presidente), Vera Alves (tesoureira) e Manuel Quintela ( secretário), queixa-se da falta de apoios da Câmara de Felgueiras


É um dos autarcas que tem levantado a voz na Assembleia Municipal contra a falta de apoios da Câmara às Juntas de Freguesia. Outros nem falam no assunto. Não considera que o silêncio dos seus colegas é prejudicial no sentido de não haver pressão sobre a presidente da Câmara para mostrar o descontentamento dos autarcas das freguesias?
Sou uma voz crítica. Tenho manifestado a minha opinião nas Assembleias e na comunicação social porque não há apoios às Juntas de Freguesia. Não é só em relação à minha. É em relação a todas. Considero isso de muito mau tom, porque o concelho de Felgueiras é composto por 32 freguesias. Sendo assim, do meu ponto de vista, o concelho deveria funcionar como uma família, ou seja, deveria existir diálogo para a resolução dos problemas que são comuns. Mas isso não acontece.
Como reagem os seus fregueses à não resolução dos problemas da freguesia no capítulo das obras prioritárias e que todos sabem são necessárias?
Sabemos que há uma franja da população que não consegue compreender bem o que se passa. Da nossa parte fazemos passar a mensagem de que a nossa equipa é a mesma, a nossa vontade, entrega e dedicação é a mesma, só que por falta de apoio financeiro e até mesmo de diálogo por parte da Câmara não nos é possível fazer mais. Se houvesse pelo menos diálogo tudo seria mais fácil. Mas nem isso há.
Ao dizer que nem há apoios financeiros nem diálogo com os presidentes de Junta infere-se que os autarcas de freguesia não são tidos nem achados?
Infelizmente é isso que se passa. Não há nem uma coisa nem outra, nem apoios nem diálogo. Com esta postura todos ficamos a perder. É Felgueiras e as suas gentes que perdem. Isto não afecta os presidentes de Junta em termos particulares mas sim as pessoas nas carências com que se debatem no dia-a-dia.
As Juntas, na sua opinião, não são parceiras da Câmara no desenvolvimento concelhio?
Olhe, acho que as Juntas se devem considerar desprezadas pela Câmara. As Juntas de Freguesias mereciam muito mais apoio e respeito porque são órgãos eleitos directamente pela população para defender os seus interesses. Mas em Felgueiras só temos as verbas do Fundo Financeiro das Freguesias, para a gestão corrente, e as míseras receitas dos canídeos. Como podemos com estas verbas fazer obras sem o apoio financeiro da Câmara que arrecada o dinheiro nas freguesias em impostos, licenças e taxas? Não podemos, de forma alguma. Andamos a receber migalhas nos últimos anos que não dão para corresponder aos anseios das populações.
Como classifica o desempenho do actual executivo municipal?
De muito mau. Mas lá virá o dia em que a população do concelho de Felgueiras se aperceberá que a aposta no actual executivo camarário foi um fracasso. Posso mesmo considerar que este é o pior executivo camarário de sempre. Porquê? Porque não olha, nem sente os problemas básicos que existem na nossa e nas outras freguesias. O poder da presidente é autoritário e cego. O executivo camarário concentra o poder na pessoa da sua presidente de forma absoluta, o que está em desuso num país democrático e integrado na Europa, mas que em Felgueiras é a realidade.

Notícia - Semanário de Felgueiras

http://www.semanariofelgueiras.pt/

3 comentários:

Anónimo disse...

Parabéns ao presidente da junta, embora não sendo dessa freguesia é de louvar as suas palavras, falou a verdade sem medos, ao contrário de outros presidentes que sentem medo de falar, se todos falassem assim as coisas nao estariam tao MAL como estão, PESSIMAS mesmo...

Anónimo disse...

Ainda ben questa entrevista não tem direitos de autor, talvez por falar só duma terra e de quem é dela.

Anónimo disse...

Tendo conhecimento dos factos fico espantado como é possível tais afirmações... por aquilo que sei, nao há ninguém na junta de freguesia com formação na área da ciência política... sendo assim, tudo aquilo que seja orçamento de estado e balanças de poder, eetc, etc...

creio que deviam recrutar alguem com formação nessa área... apenas uma observação...