terça-feira, 16 de setembro de 2008

CURIOSIDADES DE RANDE – FELGUEIRAS

(a propósito da recente abertura da capela mortuária
até tempos passados do surgimento do cemitério paroquial)



Direccionando agora atenções para temas que despertem particular curiosidade, desta feita apraz incidir fixação e alguma recordação sobre dois factos que se interligam na distância de mais de um século, desde há cento e tal (mais precisamente 123) anos. Quanto aconteceu e sucede com dois marcos memoriais da paróquia e freguesia de S. Tiago de Rande, como foi antigamente na abertura do cemitério paroquial, em 1885, e presentemente com a recente entrada em funcionamento da capela mortuária da freguesia, em 2008. Duas efemérides merecedoras de mais um relance sobre factos históricos da memória colectiva.

Interesse, este, que revela quão significativo se torna o registo de curiosidades assim, qual interessante resultado deriva do conhecimento das veras notícias de alcance à posteridade, que fazem situar algo no tempo e transportam significado aos vindouros… Pelo menos, para quem tem raízes familiares e afectivas na freguesia, a quem a terra natal e / ou de residência diz muito, senão alguma coisa porventura.

Não vamos recuar aos antecedentes, escusado que será rememorar o que decorreu nos tempos em que os enterramentos eram feitos no interior e nos adros da igrejas, em todas as freguesias, até que foram sendo feitos os chamados campos santos, que no caso de Rande foi em 1885 que foi concluído o cemitério paroquial – conforme registamos no livro que narra a história da região, o “Memorial Histórico de Rande e Alfozes de Felgueiras” (escrito durante vários anos e editado em 1997). Relembramos apenas, aqui, que nesse mesmo volume referimos o nome da primeira pessoa que foi sepultada no cemitério de Rande: «Rosa, da Longra – acaso conhecido por ser madrinha da avó materna do autor, a quem sua mãe contou tal curiosidade…» (conf. página 177, do referido livro). Podendo, agora, acrescentar-se mais dados relativos, descortinado que foi o respectivo registo no arquivo distrital, como prova de que a transmissão oral conta muito e a tradição vale mesmo.

Importará, para enquadramento, relembrar alguma ligação de certas famílias pioneiras e nomes sempre familiares, conforme descrevemos num conto colocado no livro “Elevação da Longra a Vila” (ed. 2003).

Ora, com essa retaguarda do passado, atente-se no que ficou anotado no inicial registo do livro de óbitos (contendo termo de abertura assinado pelo Vigário da Vara, desse tempo), que fixou o primeiro enterramento no cemitério paroquial de Rande, relatando o falecimento no dia anterior (com grafia da época): «Aos dezanove dias do mês de Agosto do anno de mil oito centos e oitenta e cinco, às oito horas da noite, no lugar da Longra desta freguezia de Sam Thiago de Rande, Concelho de Felgueiras, Dioceze do Porto, falleceu, tendo recebido os sacramentos da Santa Madre Egreja, um indeviduo do sexo femenino por nome Roza Moreira de Sampaio, da idade de trinta e três annos, solteira, fiadeira, natural desta freguezia, filha legitima de António Cardoso de Sampaio, recobeiro, (…), e de Mattilde Moreira de Amorim, lavradeira, (…), a qual foi sepultada no Cemiterio desta freguezia. E para constar lavrei em duplicado este assento, que assigno. Era ut supra. O Parocho, (P.e) António Dias Peixoto d’Azevedo.»


Cópia, em dois fragmentos (do mesmo) referido registo, do falecimento da pessoa que primeiro foi sepultada no cemitério de Rande, em Agosto de 1885 (falecida a 19 e naturalmente sepultada no seguinte dia 20 desse mês e ano).

Descrevemos o caso, e nomeadamente personalizou-se o apontamento, por ter passado todos esses anos já e não haver familiares directos, da pessoa em apreço.

Na actualidade, sabendo-se que a capela mortuária foi benzida solenemente no passado dia 18 de Maio do corrente ano 2008, é do conhecimento público que teve serventia pela primeira vez, como deposição funerária, no ainda recente dia 7 deste mês de Setembro.

Pela proximidade, e motivos óbvios, evita-se referir detalhes personalizados, mas à posteridade passa-se também a saber os respectivos dados, para constar historicamente.

Posto isto, em suma, lega-se ao conhecimento e se preserva então, nestas anotações, mais umas mercês das particularidades da terra de todos nós.

© ARMANDO PINTO

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